Ana Luiza Nonato de Faria, a Analu Faria, de 45 anos, é movida por sonhos e desafios. E eles a levaram a ser atriz, acrobata e trapezista, se formar em educação física, lecionar em escola pública, ser medalhista de bronze no Parapan de 2014 no Rio de Janeiro e, agora, integrar o elenco do Natalis – A Criação, espetáculo encenado no Lago Joaquina Rita Bier e um dos grandes atrativos do 36° Natal Luz de Gramado. E a superação dos desafios e a realização de sonhos tem um componente que dificultam as suas conquistas: ela é deficiente visual. Mas isso não a abala, pelo contrário, a incentiva a sempre querer ir mais longe e mais alto. “Aqui estou realizando mais um sonho. Disse que queria participar do Natal Luz e estou aqui! ”, comenta Analu.
Foi se desafiando que ela chegou este ano ao elenco do Natalis. “No ano passado estive em Gramado no Ano Novo e disse que meu sonho era estar aqui neste lago, neste palco mágico. Quando abriram as audições para o Natalis, mandei meu currículo e meus trabalhos e, para minha alegria, fui selecionada”, relata Analu. Ela integra o elenco de tecido acrobático, modalidade circense que ela domina com muita facilidade, graças a sua determinação de nunca desistir dos sonhos e se desafiar.
“Eu não tinha a dimensão dos espetáculos do Natal Luz. É a primeira vez que estou tendo a oportunidade de participar como artista do Natal Luz. É algo muito grandioso, marcante e mágico para as pessoas. Depois deste período de pandemia, as pessoas estão sedentas por arte, música, teatro, dança, circo. E chegar numa cidade como Gramado que é mágica, colorida e sensorial é inesquecível”, afirma Analu, que complementa: “Não preciso ver as luzes do Natal Luz. Eu sinto o Natal Luz”.
A artista está acostumada a apresentações teatrais e circenses, a participar de competições esportivas de alto rendimento como uma Paraolimpíada e um Campeonato Mundial de Judô, mas nada se compara ao que está vivenciando no Natal Luz. “Estou muito feliz de fazer parte deste espetáculo. Nunca participei de evento tão grandioso como este”, frisa a artista que diz sentir toda a vibração e energia do espetáculo e do público.
Mais do que uma realização pessoal, ela acredita que sua participação no espetáculo pode servir de inspiração para outras pessoas que não enxergam, não caminham, não ouvem, tem dificuldade de aprendizagem. “Quero mostrar que, se elas querem, elas podem”, frisa.
É esta preocupação com o próximo que a atriz e acrobata circense coloca nos seus projetos pessoais, inclusive aqueles que desenvolve hoje no Rio Grande do Sul em parceria com o diretor Davi de Souza e Elder Oliveira (que integrou o Cirque Du Soleil). Num show-palestra, eles contam as suas trajetórias de vida. E Analu está acrescentando ao currículo, mais um capítulo a ser contado. “É mágico tudo isso aqui em Gramado”, finaliza.