Era difícil imaginar como seria o confronto entre Grêmio e Palmeiras nos jogos das finais. Ambos os times possuem um retrospecto positivo quanto ao futebol apresentado nos últimos anos e são duas equipes com tradição na competição. Mas a verdade é que o futebol apresentado pelos times não era a altura das expectativas.
O time de Renato sofre fortes críticas desde 2019, após a icônica semifinal contra o Flamengo expor a queda de rendimento do time que tinha o “melhor futebol do Brasil”, como dizia o treinador. Na temporada de 2020, o Grêmio não chegou a convencer em nenhum momento. Terminou o Brasileirão em sexto lugar, alcançando o recorde de empates (17) e tendo que disputar a pré-Libertadores.
Já o Palmeiras, nem conquistando a América conseguia convencer o país de sua tática. O time de Abel sempre teve seu desempenho elogiado, mas é quase uma unanimidade dizer que o time não era surpreendente. Após a conquista da Libertadores em um jogo horroroso, o Palmeiras teve seu desempenho muito questionado: foram oito partidas até a final da Copa do Brasil e apenas uma vitória. Nesse período, inclusive, fez história sendo o pior participante sul-americano no Mundial, o primeiro a ficar com o 4º lugar e sem marcar nenhum gol no torneio. Sendo assim, duas equipes protagonistas no cenário brasileiro chegavam em baixa para o duelo final.
Mas, diferente da final da Libertadores, o duelo em seus 180 minutos foi emocionante e com muito valor tático, pelo menos pelo lado do Palmeiras. Já em Porto Alegre, o Grêmio deu sinais de deficiências na hora de atacar (pouca criação) e o time cedia muitos espaços quando sem a posse da bola, apesar de apenas ter sofrido o gol por escanteio. Mas, no jogo de volta, o Palmeiras deu uma aula tática (finalmente mostrando um futebol à altura de um campeão da Libertadores), enquanto o time de Renato parece ter piorado em todos os aspectos.
O Palmeiras joga de forma reativa e para muitos isso significa “retranca”. Não necessariamente, visto que no caso específico do Palmeiras ele busca o controle do jogo controlando os movimentos do adversário com uma marcação ofensiva. Nos dois jogos, o time cedeu a posse de bola para o Grêmio (que supostamente deveria jogar melhor assim) e caprichou muito na marcação. O que o time gaúcho mais fez em 180 minutos de final foi passar a bola de um lado para o outro sem saber o que fazer, pois raramente conseguia perfurar a marcação. Um tricolor completamente sem criatividade e extremamente passivo, que praticamente não ameaçou o habilidoso goleiro Weverton (apenas 7 chutes a gol somando ambas as partidas).
Não que o Palmeiras tenha agredido muito (6 chutes a gol), mas tudo é questão de qualidade ofensiva. Palmeiras sempre encontrava um Grêmio muito aberto e desorganizado e contou com falhas por parte de Paulo Victor. Chegava com velocidade absurda, muito poder de infiltração e qualidade no passe. Grêmio chegava apenas em cruzamentos fracos, onde a bola praticamente era recuada para o goleiro do Verdão.
Palmeiras, em duas partidas, conseguiu executar seu plano de jogo de forma efetiva e, caso consiga manter esse nível de futebol, tem um potencial ainda maior para a temporada de 2021. Grêmio, no entanto, conta com um Renato claramente acomodado e com um elenco que precisa de investimentos. O técnico gaúcho precisa reencontrar sua fome por títulos e, ainda mais, o seu bom futebol.