Os brasileiros observaram, a partir de 2010, a grande imigração de haitianos. O terremoto ocorrido no país agregou aos conflitos socioeconômicos e políticos a crise humanitária desencadeada há alguns anos, quando o Brasil já liderava a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti.
Todos os estados acolheram levas de imigrantes, e aqui não foi diferente – a ponto de, em 2016, ocorrer a fundação da Associação dos Haitianos do Rio Grande do Sul, congregada por cerca de 20 mil pessoas, segundo o site da entidade. A Região das Hortênsias, obviamente, sentiu o reflexo de muitos que deixaram a sua terra natal em busca de uma vida mais digna.
Um exemplo é Peterson Pierre, que entrou no Brasil em 21 de janeiro de 2020, ilegalmente, pela fronteira norte do país. (Roraima). “Desde a minha chegada, meu único sonho era continuar fazendo o que eu amava: trabalhar como advogado para diminuir a quantidade de pessoas encarceradas. Naquele momento da minha pesquisa, encontrei esta Universidade (UCS) por qualidade e resultado no mercado do trabalho”, orgulha-se das referências.
Em seu país, Peterson havia enfrentado uma situação de sequestro em meio à tensão social. Embora já atuasse com atividades jurídicas, as diferenças no sistema de ensino superior brasileiro não reconheciam seu diploma do Haiti. Por isso, decidiu cursar Direito para prosseguir trabalhando por aqui.
Com a vontade de mudar de vida, Peterson logo prosperou. Além de estudar na UCS, abriu uma empresa de turismo e comprou duas franquias de uma hamburgueria nacional. “Psicologicamente, minha vida mudou: meus sonhos se tornam tangíveis, minhas ambições se tornam reais e me tornar a pessoa que eu sou hoje. Eu vim para mudar a minha vida”, ressalta ele, cujas maiores dificuldades foram o idioma e a cultura brasileira, tiradas de letra com o passar do tempo.
A acolhida recebida nas salas de aula do campus, por parte de colegas e professores, também ajudou no processo de adaptação. “Fui muito bem recebido”, afirma.
Foto: Márcio Cavalli