Aprovado no edital FAC Expressões Culturais 2022, o projeto cultural da aldeia Kaingang Kógunh Mág, de Canela, chega a sua segunda etapa de atividades deste povo indígena habitante da região das Hortênsias e dos Campos de Cima da Serra, trazendo consciência e conhecimento sobre sua riqueza cultural.
Após a exibição de filme, bate-papo e contação de histórias apenas para alunos de escolas municipais e acadêmicos da UCS, com ótima repercussão e linda troca de experiências, agora é vez do grande público interagir com os kaingang.
No sábado, 19 de novembro, acontece na Feirinha Ecológica, a partir das 8h, a exposição de artesanato típico, com destaque para a cestaria feita de taquaras e cipós nativos da região. No local, até meio dia, estará também à venda o livro infantil recém lançado escrito pelo cacique Mauricio Salvador com Ana Fonseca: “A araucária e a gralha-azul: uma história dos antigos kaingang”, pelo valor de R$50.
Desde cedo, em Gramado, o cacique Maurício estará presente na capacitação de professores da rede pública municipal, ampliando ainda mais o projeto proposto no edital.
À tarde, das 14h às 15h30, ocorre uma ação muito aguardada – e concorrida: o workshop de ervas medicinais, ministrado pelo kujã Pedro Garcia. Seu Pedro, simpático e carismático, é o líder espiritual dos kaingang. Seu papel é orientar os caciques das aldeias de toda a região da serra e norte do Estado. Este breve curso será realizado na Flona, local da aldeia Kogúnh Mág, e possui apenas 20 vagas. Os interessados devem se inscrever pelo link na bio da retomada no instagram: @kaingangcanela
Na sequência, fechando o dia, haverá a apresentação de dança do grupo Jag Tyg Fy Kóg, com entrada franca. A exibição será feita no Bosque Canela, RPPN (Reserva Particular de Patrimônio Natural), local onde está sediada a Biblioteca Comunitária do Canella, com curadoria de Cilon Estivalet. O Bosque fica próximo à Flona, e a comunidade está convidada a chegar a partir das 16h. A dança inicia às 17h.
O projeto
O projeto Histórias e vivências dos Kaingang é uma iniciativa dos próprios Kaingang, que enxergam uma nova oportunidade em relatar sua história para fortalecer seu povo. Compartilharem suas vivências, enquanto habitantes deste território há centenas de anos, é vital para a manutenção, não só de sua cultura, como de suas vidas. Além de preservarem e promoverem as expressões culturais e as tradições indígenas Kaingang do sul do Brasil, estas ações possibilitarão à comunidade da região e povo indígena, uma relação mais humanizada, além de aprimorar o olhar sobre as formas de como este povo se relaciona com a natureza e suas compreensões de existência. “Esta experiência vai auxiliar em um processo contínuo de romper com preconceitos e julgamentos, que estão enraizados no senso comum, e que foram provocados pelo processo de colonização ocorrido nestas terras da serra gaúcha”, afirma o Cacique Maurício.