Entre polêmicas
Nesse domingo, dia 27/09, Palmeiras e Flamengo se enfrentaram no jogo mais polêmico do ano, com indecisões sobre a realização e resultado em campo surpreendente.
Caiu em contradição
Para o leitor que não acompanhou o desenrolar da situação do Flamengo nessa semana, o clube carioca sofreu uma contaminação de Covid-19, que chegou a afetar 19 atletas entre os titulares, reservas e não relacionados. A situação forçaria a escalação de atletas das categorias de base, que não contariam nem com o treinamento do técnico Domenèc, também contaminado.
Flamengo, que forçou tanto a volta do futebol, mascarou a vontade de não jogar desfalcado alegando que não teria atletas suficientes e que não seria seguro a realização da partida. Palmeiras, com uma sede indescritível de vencer o time rubro-negro, não quis perder a oportunidade de levar vantagem com os desfalques do oponente, alegando que seria contra o regulamento suspender o jogo.
A realização da partida tomou uma proporção desnecessária com uma confusão absurda. Chegou a ser cancelada, mas como tudo no futebol brasileiro, a decisão final mudou nos últimos momentos.
Jogo surpreendente
Ao que tudo indicava, o Palmeiras iria com sangue nos olhos para cima dos meninos do Flamengo. Com apenas três titulares, com Arrascaeta, Gerson e Tiago Maia (sentindo dores na coxa esquerda), todos esperavam uma supremacia paulista, que necessitava de uma atuação convincente após tantos empates. Era a oportunidade perfeita.
Nos primeiros 20 minutos de jogo, a dinâmica era como a prevista, mas não da mesma maneira. Palmeiras controlava o jogo e Flamengo se defendia, porém o Verdão apresentava sua famosa dificuldade de infiltração e criatividade até mesmo contra a defesa sub-20 rubro-negra, que conseguia estruturar jogadas com uma certa facilidade. Assim, o Flamengo percebeu que poderia crescer no jogo, ainda que com certa modéstia. Apesar de menor posse e menos finalizações, o Flamengo que teve a melhor chance do jogo até o final do 1° tempo.
Na segunda etapa, o jogo continuou de mesma forma. Palmeiras trabalhava a bola na maior parte do tempo, mas produzia muito pouco no ataque. Quando conseguia levar perigo, o jovem goleiro flamenguista, Hugo Souza, defendia com tranquilidade. Sem capacidade alguma de entrar na área do adversário, o Palmeiras começou a insistir em lançamentos e chutes de fora da área, até que o gol saiu em um feliz desvio em um chute distante. Em resposta, Flamengo saiu trabalhando a bola e mostrou como infiltrar na área adversária e marcar.
O Palmeiras de Luxemburgo apresentou o de sempre. É impressionante como o time atua da mesma forma contra qualquer adversário. Não perde, pois possuí uma defesa bem estruturada, mas o setor ofensivo decepciona demais. Ninguém cria, ninguém tabela, ninguém se infiltra. O time paulista apenas troca passes ao redor da área sem saber o que fazer. Organização tem de sobra, mas tática é algo que não existe e nem parece evoluir. Colocar o Rony nos momentos finais e esperar que saia uma jogada individual não é o suficiente.
O Flamengo, por outro lado, só tem a comemorar com o jogo. A rapaziada jogou bem e novos nomes mostraram uma liderança, tanto no jogo quanto no vestiário. Jogando na defensiva, o Flamengo soube se fechar e anular o fraco ataque do Palmeiras, que nos lances de perigo parava no habilidoso goleiro. Na saída de bola, uma aula de como sair jogando com os pés. No meio campo, Arrascaeta brilhou, sabendo exatamente os momentos de segurar ou acelerar o jogo. Uma pena que o brilho dos jovens foi parcialmente ocultado pela polêmica diretoria rubro-negra, além do desempenho do time principal. Afinal, se um time que nunca treinou junto, composto por uma grande maioria de jovens improvisos, consegue realizar uma atuação concreta e segura, muito deve ser cobrado do elenco principal.