As obras cinematográficas apresentadas durante o projeto são ferramentas para possibilitar novas perspectivas aos públicos.
CANELA | A cidade de Canela, celeiro de ações culturais na serra gaúcha, já possuiu grande incentivo financeiro em projetos no teatro (Festival Nacional e de Teatro de Bonecos), música (Festa da Música e shows anuais) e de literatura (Feira do Livro Josué Guimarães), além de espetáculos artísticos durante Natal, Páscoa e outros eventos, porém jamais recebeu investimento no audiovisual, ainda que existam três iniciativas cineclubistas de relevância no município. Na cidade ao lado, Gramado, acontece um dos principais e o mais longevo Festival de Cinema do Brasil, e que ajuda a manter um projeto escolar, o Educavídeo, configurando um bom investimento na formação de base da produção da sétima arte.
Este cenário mostra a oportunidade de implementação de um projeto audiovisual, que valorize o cinema nacional, incentive a produção local, fomente a formação de plateia e popularize a linguagem cinematográfica e o debate coletivo, cada vez mais difíceis em tempos de streaming. O Canella Cineclube existe há 15 anos na cidade de Canela e vem realizando exibições em espaços públicos (praças e parques), escolas, centros culturais, eventos como o Festival de Bonecos e feiras do livro e até em uma aldeia indígena. Porém, há uma urgente necessidade de expandir o público em todos os sentidos (faixa etária, camadas sociais, descentralização geográfica), para integrar e aproximar o cinema nacional e não-comercial de toda nossa comunidade.
Nasce assim o projeto “Canella Cineclube apresenta”, que já realizou oficinas formativas, com o diretor cinematográfico Luiz Alberto Cassol, objetivando a multiplicação de novos cineclubes nas cidades da Serra Gaúcha. Também está acontecendo o Circula Cineclube, que está exibindo filmes ao longo de seis meses e com entrada franca, em escolas e universidades públicas, parques, centros culturais, aldeias indígenas, presídio estadual, casa de acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica e à APAE Canela, mobilizando crianças, jovens e adultos de muitas faixas etárias e classes sociais. As projeções, seguidas de debate entre os espectadores, possibilitam o acesso a filmes fora do circuito comercial e incentivam a reflexão sobre os temas das obras, visando despertar novos olhares e potencialidades por meio do cinema.
Como conclusão, no mês de outubro, o projeto abre espaço à Mostra ECO Cineclube 2025, que contará com uma curadoria especial de dois cineastas indígenas, Morzaniel Ɨramari Yanomami (Acre) e Patrícia Ferreira Pará Yxapy Mbya Guarani (Missões/RS). Os filmes serão voltados à temática social, ambiental e indigenista e a mostra circulará durante seis dias em quatro aldeias indígenas, de três diferentes etnias (em Canela e São Francisco de Paula) e no Centro de Cultura de Canela. Todas as atividades terão como base encontros sistemáticos, com uma proposta de integrar diferentes públicos, em um espaço de discussão, crítica e experimentação cinematográfica.
O projeto busca como resultados o exercício e fortalecimento do potencial crítico das comunidades, através da análise e debates sobre os filmes, ampliando as suas possibilidades culturais. Permitir o acesso às produções brasileiras, que estão fora do circuito comercial, permitem um caminho para que o cinema nacional seja repensado nas mais diferentes camadas sociais, visto que o projeto será realizado em lugares diversos da nossa região. Esta pluralidade também contribuirá para uma percepção mais ampla e democrática tanto para o Cineclube (com 15 anos de história) quanto para seus participantes. Com a capacitação e formação para professores e demais realizadores, sobre a criação de cineclubes independentes, a ideia é propagar e incentivar a importância e o potencial de mudança de perspectivas que o cinema pode ter em cada indivíduo, e como pode se usar essa ferramenta no aprendizado e desenvolvimento de visões e ideias. O projeto busca fazer cumprir a Lei nº 13.006/14, que determina que escolas de educação básica exibam 02 horas de cinema nacional, por mês, como componente curricular complementar. Ao levar o projeto às escolas são selecionados filmes que conversam e façam sentido com as crianças e adolescentes que os assistirem, proporcionando novas perspectivas aos públicos presentes nas sessões.
AGENDA DO MÊS DE SETEMBRO EM CANELA
13/09 – no Espaço Nydia Guimarães, 18h
longa “No other land”
24/09 – no Cidica, 19h
curta “Fuá” e longa “Flor de Buriti”
28/09 na Biblioteca do Canella, 17h30
longa “Uma vez que você sabe”
Serão aceitas doações de alimentos não-perecíveis, e produtos de higiene, para as aldeias indígenas de Canela e São Chico.