Iniciativa, realizada em parceria com a Central Sicredi Sul/Sudeste e Sicredi Caminho das Águas, resgata a contribuição do historiador de 95 anos, referência na preservação da memória do movimento no Brasil.
REGIÃO | “Honrar o passado, agir no presente e construir o futuro”. Com essa frase, o presidente do Conselho de Administração da Sicredi Pioneira, Tiago Luiz Schmidt, resume o propósito da homenagem prestada a Arthur Blásio Rambo, uma das maiores referências na preservação da história do cooperativismo no Brasil. A iniciativa, realizada em conjunto com a Central Sicredi Sul/Sudeste e a Sicredi Caminho das Águas, busca eternizar o legado do historiador, cuja trajetória é marcada pela dedicação à educação, à pesquisa e à cultura.
Como forma simbólica de reconhecimento, Rambo foi presenteado com um quadro pintado em aquarela, que representa sua contribuição ao cooperativismo. A homenagem também inspirou o documentário “Legado de Arthur Blásio Rambo”, disponível no Youtube, que resgata a importância de seu trabalho para a compreensão da origem e da evolução do movimento, especialmente em Nova Petrópolis, berço do cooperativismo de crédito no país.
De acordo com o presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port, a valorização da história é essencial para fortalecer os princípios cooperativistas. Ele relembra a primeira palestra de Rambo que acompanhou, no período em que Nova Petrópolis pleiteava o título de Capital Nacional do Cooperativismo. “O Arthur trouxe uma riqueza enorme de informações sobre o Volksverein, o padre Amstad e a origem do cooperativismo, com uma simplicidade que permitia a todos compreenderem o contexto histórico. Ele nos inspirou”, conta.
Arthur Blásio Rambo nasceu no interior de Montenegro, hoje município de Tupandi, em uma família de agricultores descendentes de imigrantes alemães. Estudou Filosofia em São Leopoldo e fez parte da primeira turma do curso na Unisinos, sendo o primeiro diplomado da universidade. Desde então, atuou como professor, pesquisador e conferencista, com um trabalho voltado à recuperação das origens do homem e da influência europeia na organização social da região. “Eu me sinto recompensado por todo esse tempo em que fui professor, pesquisador e conferencista. Nunca esperei uma coisa dessas”, afirmou, durante a homenagem.
Para Schmidt, o trabalho de Rambo ultrapassa o campo acadêmico, contribuindo diretamente para a construção de pessoas e comunidades melhores. “As obras do Arthur nos permitem entender que muitas das dificuldades do presente já foram vividas no passado. Isso nos dá mais serenidade para seguir adiante. Seu legado é uma entrega à sociedade, por meio da educação, da leitura e da cultura”, destaca.
Segundo ele, a homenagem também reforça o papel da história como elo entre gerações. “Toda essa história, dos nossos antepassados, ficou registrada, e isso é indispensável para que, ao colocarmos nosso propósito de construir comunidades melhores em prática, possamos também construir uma sociedade melhor”, completa.
Em sintonia com isso, o presidente do Conselho de Administração da Sicredi Caminho das Águas, Álvaro Link, afirma que figuras como Arthur Rambo são fundamentais para preservar as raízes do cooperativismo. “Ele merece estar no panteão daqueles que devem ser homenageados não apenas pelo cooperativismo, mas pela sociedade como um todo. Sua trajetória reforça a importância de valorizar a memória coletiva”, pontua.
Arthur Rambo celebra legado de uma vida dedicada ao conhecimento
Aos 95 anos, Arthur Blásio Rambo construiu uma trajetória que o tornou uma das principais referências na documentação da memória do cooperativismo no Brasil. Com amplo conhecimento e pensamento humanista, ele se dedicou ao ensino, à pesquisa e à valorização da história como instrumento de transformação social.
Nascido em Montenegro no dia 3 de fevereiro de 1930, Rambo cresceu no meio rural, em uma família de agricultores descendentes de imigrantes alemães. É licenciado em Letras Clássicas, bacharel em Filosofia, História Natural e Teologia, doutor em Filosofia, livre-docente em Antropologia e pós-doutorado em Antropologia Rural na Universidade Paris-Descartes. Ele também atuou como professor titular emérito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), instituição na qual foi o primeiro diplomado da história. Ali integrou a primeira turma de Filosofia, ainda de uso interno dos jesuítas.
Com uma abordagem histórica e filosófica, ele entende o cooperativismo como um modelo baseado no compromisso entre pessoas. “A finalidade do cooperativismo é manter a cooperação entre os membros de uma comunidade. Ele não se fundamenta na competição, mas no compromisso mútuo das pessoas. Para que uma comunidade funcione, é indispensável que as pessoas se comprometam de forma solidária. Não se trata de socializar as coisas, mas de socializar a mente dos proprietários. Essa é a ideia fundamental do cooperativismo”, reflete.
Ao longo de sua vida, ajudou a registrar e interpretar os caminhos do movimento, em especial na região de Nova Petrópolis, onde o modelo ganhou força ainda no século XIX. Por isso, para ele, preservar essa história é essencial para a compreensão da vida em comunidade. “Esse tipo de solidarismo se fundamenta no comprometimento mútuo, na interdependência e no esforço conjunto que o desenvolvem, visando a prosperidade comunitária e solidária”, finaliza.
Sobre a Sicredi Pioneira: Primeira instituição financeira cooperativa do Brasil, a Sicredi Pioneira atua há mais de 120 anos com o propósito de construir comunidades melhores. Presente em 21 municípios entre o Vale do Sinos e a Serra Gaúcha, oferece soluções financeiras justas, com um atendimento humano, próximo e consciente. Mais do que serviços, entrega cooperação e confiança, fortalecendo a economia local e ajudando pessoas e negócios a prosperarem juntos.