A sessão especial promovida pela Câmara de Vereadores de Gramado na noite desta quarta-feira, 4, debateu o futuro do Hospital Arcanjo São Miguel (HASM) e evidenciou a preocupação do futuro da casa de saúde do município com a perda da filantropia, em razão do modelo empresarial de gestão proposto pelo grupo hospitalar Prolife, empresa que adquiriu a instituição. Todos os vereadores estiveram presentes, além do representante dos compradores, Flávio Comunello, a procuradora-geral do município, Mariana Melara Reis, o secretário da Saúde, Jeferson Moschen, e os promotores de Justiça, Max Guazzelli e Natália Cagliari.
Na oportunidade, o promotor Max falou das recomendações do Ministério Público (MP), expôs os números e afirmou que ainda não obteve respostas em relação a viabilidade futura da casa de saúde. “As recomendações do Ministério Público desde o início foram no sentido de buscar informações de como os serviços iriam bancar o SUS, pois hoje a filantropia garante a isenção de impostos e receitas operacionais. No modelo empresarial, como vamos cobrir um rombo de R$ 19 milhões de reais (ano) em uma cidade desse tamanho?”, questionou o representante do MP, acrescentando que o que está evidente no projeto apresentado é o negócio imobiliário envolvido. Max também esclareceu que o valor divulgado de R$ 140 milhões não corresponde com o valor proposto para ser aportado na negociação.
A procuradora Mariana Reis falou sobre o processo de intervenção, prorrogado pela administração municipal, e o secretário Jeferson Moschen destacou as dificuldades estruturais que o atual prédio do hospital apresenta, além do difícil acesso dos pacientes e equipes de saúde devido à localização central do hospital.
O advogado Flávio Comunello se colocou à disposição das autoridades e disse que a empresa quer ser bem recebida em Gramado. “Queremos fazer um negócio com seriedade e com segurança. Foram apontadas as recomendações e queremos atender de forma clara e consistente”, assegurou o representante dos investidores. Também adiantou que a empresa está trabalhando em um novo projeto com as adequações solicitadas pelo MP. “Queremos estar aqui em Gramado com a aprovação de todos os setores”, finalizou.
Possível desistência não foi cogitada por investidores
Durante a sessão especial, o representante dos investidores também afirmou que em nenhum momento a empresa cogitou desistir do negócio por conta das recomendações do MP. “Nós queremos fazer as adequações, porque ninguém quer rasgar dinheiro, mas estamos trabalhando em cima disso para apresentar o projeto novo e levar adiante”, concluiu Comunello.
Foto: Letícia de Lima/Câmara de Gramado