Em 1998 o Serrano montou um grande time e encerrou a temporada garantindo o título do Amador. Tive a oportunidade de acompanhar a campanha e estava lá na grande final em Dois Irmãos e vou contar a reação surpreendente da torcida adversária após o jogo.
Sobre o time, era realmente um grupo fantástico e merecedor do título. O diretor de futebol Gilmar Grosso foi um dos principais responsáveis por montar o time. Outra peça de extrema importância foi o treinador João Prestes. Ficou decidido que a base principal deveria ser de atletas de Canela e Gramado, com reforço de algumas peças de fora. Foram escolhidos nomes importantes e já com currículos vencedores.
A defesa começava com o goleiro Maurão (Maurício Keller), tinha ainda a dupla de zaga Cadão e Luizão, com os laterais Balu e Duti (inicialmente improvisado e que acabou atuando assim em vários jogos). No meio, atuavam Ricardinho e Zóio, com o capitão Irineu. O ataque Tinha Bê, Piti e o artilheiro Hélio. As escalações variaram, devido a lesões, suspensões ou mesmo tática adotada pelo treinador João Prestes. Participaram ainda da companha os seguintes atletas: Tipuda, Leonardo, Zuguinho, Darlei, Quevedo, Ieve, Gajardo, Joãozinho, Rudimar, Ferpa, Ronaldo, Lucas, Paco, Guinho, Boca, Zequinha, Edinho, Natal, Ronei, Zé Elias, Chinês e Ratão. Todos estes também tiveram momentos de destaque na campanha e foram fundamentais para a conquista.
Hélio predestinado
O duelo final foi em Dois Irmãos e o Vila Rosa era o atual campeão Sul-Brasileiro. Para o jogo, além do ônibus que levou os atletas e comissão técnica, foram outros dois com torcedores canelenses. Com a bola rolando a disputa foi equilibrada, com oportunidades para os dois lados. Em meio ao jogo houve uma briga generalizada, envolvendo torcedores dos dois clubes na copa da sede. Alguém disse que a briga estaria envolvendo o pai do lateral serranista Balu e o jogador ao ouvir isso tentou pular a tela para correr em direção a copa. No entanto, foi contido pelos companheiros e a situação acabou se acalmando e logo a bola voltou a rolar.
O título teria que ser do Serrano e quis o destino que o gol que garantiu a taça fosse assinalado pelo seu principal jogador da temporada. Foi do artilheiro Hélio o gol que garantiu a segunda maior conquista do clube no Estadual de Amadores. Foi uma alegria imensa que ficou ainda maior com o apito final.
O retorno para casa
No retorno para casa um fato me chamou muito a atenção. Retornei no mesmo ônibus que havia ido, juntamente com a delegação serranista. Me lembro bem de que, logo após o ônibus sair do estádio, passou por algumas ruas da cidade. Olhando pela janela percebi que algumas pessoas, das suas casas aplaudiam a passagem da delegação serranista. Imagino que talvez seriam torcedores do Vila Rosa, ou mesmo do 7 de Setembro (outro clube da cidade). O reconhecimento pela conquista do título demonstrou uma nobreza admirável e que até hoje, passados 22 anos estão bem vivas na minha memória. Me considero feliz pela oportunidade que a profissão me deu de estar presente nesta conquista.