O Centro de Tecnologias Alternativas Populares (CETAP), em convênio com Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) de São Francisco de Paula, vem trabalhando junto a alguns agricultores familiares do município no sentido de sensibilizar para o potencial das espécies nativas para geração de renda e preservação ambiental. A demanda de empreendimentos por matérias-primas provenientes de sistemas de extrativismo sustentável tem estimulado alguns agricultores que anteriormente já utilizavam o pinhão para alimentação, também para a coleta da casca da araucária que se desprende naturalmente do tronco e se deposita no chão, como forma de diversificação da renda da família e que será utilizada para o tingimento têxtil.
De acordo com a agricultora familiar Maria Zormiria Zambelli, a utilização da casca da araucária é realizada respeitando os ciclos naturais da árvore, sempre buscando causar o mínimo de impacto ambiental. “Eu vejo que para a araucária não causa dano nenhum, porque é da própria natureza dela sair a casca. E para nós essa é uma fonte de renda importante e precisamos aproveitar. Sempre buscamos tirar a nossa renda da natureza sem prejudicá-la”, finalizou Maria.
O trabalho visa orientar as boas práticas desde o ponto preferível de coleta, com a casca ainda nova e com coloração vermelho-arroxeada, atentando para evitar de trazer partes de outras plantas, bem como no armazenamento do material já seco. “Esta é uma das ações que, juntas e articuladas, buscam diversificar e aumentar o grau de ecologização das propriedades e que possam gerar maior autonomia a partir dos recursos da nossa floresta”, coloca o responsável pelas ações no Município Tiago Fedrizzi da Equipe Técnica do CETAP.
Esta dinâmica é operacionalizada via Cadeia Solidária das Frutas Nativas do RS, organização que reúne instituições, universidades, consumidores, empreendimentos e grupos de agricultores que discutem desde questões técnico-produtivas a ajustes de comercialização, amparadas nos preceitos da economia solidária.
Um dos parceiros nesta ação é o Pano da Terra, camiseteria com enfoque na educação ambiental, que realiza a compra da matéria prima de agricultores familiares para uso no tingimento das suas peças. “O propósito da Pano da Terra sempre foi levar educação ambiental através da moda, utilizando algodão orgânico na produção das camisetas e com estampas que retratavam espécies nativas ameaçadas de extinção. Quando sentimentos a necessidade de trazer cor para as nossas peças, buscamos alternativas que não fossem agressivas para o meio ambiente, e aí chegamos ao tingimento natural. Foi aí que eu entendi que o tingimento natural poderia ser uma ferramenta muito mais potencializadora da mensagem que queríamos levar para as pessoas com a nossa marca”, relata Vanessa Tomazeli, idealizadora do projeto Pano da Terra.