Nos últimos 9 jogos, foram apenas três vitórias. O time fica cada vez mais longe da liderança no Brasileirão, foi desclassificado de forma vergonhosa na Copa do Brasil e agora treme de medo do próximo jogo da Libertadores.
Ninguém imaginava um meio de temporada tão ruim em 2020.
Flamengo ano passado se tornou uma referência no contexto esportivo brasileiro. Em um processo de sete anos, focou em quitar as dívidas, vendeu jogadores, reformou as dependências do CT e, em 2019, conseguiu investir pesado conseguindo o mais importante: retorno.
Hoje, o cenário está começando a ser preocupante. Após a saída de Jorge Jesus, o Flamengo jogou 26 partidas sobre o comando de Domenèc Torrent, que teve seus altos e baixos. Após um começo muito turbulento, o time pareceu encaixar e conseguiu manter até uma sequência de 12 jogos sem perder, mas logo depois voltou a sofrer. Após duas goleadas vergonhosas contra candidatos diretos ao título, Dome (que antes mesmo já era contestado no vestiário e por grande parte da torcida) não aguentou a pressão e acabou sendo demitido. No seu lugar, entrou o nome mais promissor da nova geração de técnicos brasileiros: Rogério Ceni.
Rogério precisou de 4 jogos para conseguir sua primeira vitória. Praticamente sabotado por gols perdidos sem goleiro, constantes erros do setor defensivo e uma falha bizarra do jovem Hugo, Ceni tem a difícil missão de mudar o Flamengo de forma imediata. Agora, resta a pergunta: existe um motivo além dos técnicos para toda turbulência? Um não, mas vários.
Departamento médico e preparação física
Jorge Jesus exigia o máximo dos atletas. Jogava domingo e quarta com o time titular, só poupando se precisasse. A condição física dos atletas era espetacular e, em caso de lesão, o DM conseguia recuperar os atletas em prazos curtíssimos de forma que voltassem a campo “voando”. Infelizmente, em 2020 as coisas não estão assim.
Desde o início do Brasileirão, sempre foi perceptível o cansaço físico do time ao final dos jogos. Muitos jogadores demoraram para entrar em forma e ainda não se encontram no físico ideal, o que torna qualquer partida muito menos tática. Não bastasse isso, em decorrência dessa preparação fraca, o Flamengo sofre com lesões de maneira descomunal. O time “titular” não atua completo há 28 jogos, desde o primeiro jogo de Domenèc. Inicialmente com lesões na posição de lateral direito, os problemas se espalharam em todos os setores. Flamengo já está 18 partidas seguidas com um buraco na zaga com a ausência de Rodrigo Caio, além de disputar mais de 13 jogos sem Gabigol. Bruno Henrique e Arrascaeta também já desfalcaram a equipe em vários momentos esse ano e Thiago Maia acaba de romper os ligamentos do joelho esquerdo e não retorna esse ano.
Erros individuais
Se a preparação física dos jogadores não está satisfatória, a parte tática também deixa a desejar. Domenèc citava de forma exagerada, mas realmente tinha um ponto: todos os jogadores estão falhando em lances cruciais. Só no Brasileirão, gols contra, entregadas de bola na pequena área e finalizações erradas sem o goleiro adversário já contabilizam 8 erros capitais com influência direta nos resultados das partidas (o número real de falhas é muito maior). Atualmente com 36 pontos na competição, o time rubro-negro poderia ser líder isolado com 45. Na Copa do Brasil, a falha do goleiro Hugo (que perdeu a bola ao tentar driblar o atacante adversário) mudou completamente o rumo da segunda partida, forçando um Flamengo completamente desfalcado e desajustado a se expor.
É possível citar Gustavo Henrique (que realmente se destaca negativamente) ou Léo Pereira, mas a verdade é que quase ninguém tem se salvado. O time inteiro comete falhas que vão muito além do sistema de jogo, inclusive os jogadores “veteranos”. Bruno Henrique, Arão e Arrascaeta cometeram falhas recentes que não condizem com suas respectivas qualidades.
Os resultados disso tudo não são nada agradáveis. Flamengo não ocupou a liderança do Brasileirão em nenhuma rodada e em 29 partidas já coleciona mais goleadas sofridas (5) do que derrotas com Jorge Jesus (4 em 48 jogos). Além disso, possuí a segunda pior defesa do campeonato, ainda está na 2° posição e o número de lesões não parece melhorar. O time já caiu da Copa do Brasil e, em meio à crise, deve enfrentar o Racing terça-feira pelas oitavas de final da Libertadores. Rogério Ceni é um bom técnico, mas sem tempo para treinar, com tantos desfalques, já no meio da temporada e com toda pressão, não será nada fácil mudar o cenário do clube.