Em um ano mais que atípico, seria normal prever uma certa queda no nível do futebol junto com uma certa irregularidade. A questão é que, na corrida pelo título, nenhum dos times parece estar minimamente constante. Agora, na 20° rodada, apenas seis pontos separam o líder do oitavo colocado (coincidentemente Inter e Grêmio), o que aumenta ainda mais a briga pelo caneco.
Inter tropeça e Grêmio cresce
Dois dos trabalhos mais comentados desse Brasileirão, o time de Coudet perdeu dois pontos em casa enquanto vê seu principal rival ascender na competição. Por outro lado, ninguém tira o Inter da liderança. Sorte, claro! Mas trabalho também, afinal, Flamengo e Atlético se revezam para não assumir a liderança, enquanto o trabalho mais difícil dos três times é o do Coudet.
O técnico argentino precisa melhorar, óbvio. Mas na relação elenco e futebol, sofrendo com diversos desfalques, é um dos melhores do campeonato. Não é líder à toa. Infelizmente enquanto escrevo, o clima na diretoria colorada parece afastar cada vez mais Coudet do Inter, o qual recebeu uma proposta do Celta de Vigo, da Espanha. Enquanto o Flamengo batalhou para encontrar um técnico competente, inclusive já buscando outro nome, o Inter encontrou o seu e agora abre mão por pura politicagem.
O Grêmio, por outro lado, se recupera após um início fraco de temporada. Com muitos empates e poucas vitórias, Renato começou a ser questionado sobre a consistência do time. Agora, já são 8 jogos de invencibilidade, sendo 5 vitórias seguidas. Verdade seja dita: o torcedor tricolor pode almejar mais. O elenco comporta um estilo de jogo mais agressivo com um volume tático que resulte em mais gols. Porém, o Grêmio vem apresentando uma evolução e seus adversários, tanto na Copa do Brasil quanto na Libertadores, sustentam uma classificação.
Galo nocauteia Urubu
Esse domingo comportou outro capítulo da parte de cima da tabela. Atlético-MG e Flamengo se enfrentaram valendo a vice ou até mesmo a liderança, respectivamente. Um pré-jogo muito aguardado e curioso, para uma partida estupenda do time de Sampaoli e (mais uma vez) desastrosa de Domenèc. A vitória foi de grande importância para o Galo, que avançou para a segunda posição, mas foi mais relevante para o Flamengo.
Novamente, enquanto aqui escrevia, fui surpreendido pela notícia da demissão de Dome. A decisão pode ter surpreendido muitas pessoas, mas garanto que as medidas foram tomadas por fatores além das quatro linhas. O aproveitamento do catalão era de 64%, em um ano atípico e sem torcida, além de estar apenas um ponto atrás do líder. Infelizmente, os fatos não se limitam a isso.
Os problemas eram muitos. Desde o início, o técnico chegava atrasado nos treinos, não demonstrava intensidade na beira do campo e tentou mudar bruscamente a forma de jogar do time. Os jogadores se demonstraram abertos às ideias de Dome, mas questionavam certos pontos táticos e não eram ouvidos. Quanto mais o tempo passava, mais o técnico perdia moral com o elenco e não fazia questão de consertar: apontava os erros dos jogos sempre como “individuais”. Chegou a alegar, no vestiário, que o título da Libertadores foi questão de sorte. Um desrespeito imensurável com a torcida e mais ainda com seu elenco.
Por fim, Dome não parece ser capaz de avaliar e analisar seu trabalho. Desde seu segundo jogo, os erros vêm se repetindo e o futebol do melhor elenco do Brasil não evoluiu em nada. É a segunda pior defesa do Brasileirão. São pontos que não coincidem com a realidade do clube rubro-negro, que planeja se manter no topo do cenário Brasileiro nesse e nos próximos anos.
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