Primeira edição da Mostra de Cinema Ambiental Consciencine acontece no fim de semana em Canela, com exibições gratuitas.
CANELA | A MOSTRA CONSCIENCINE inicia nesta sexta-feira, 17/10, e conta com uma curadoria especial de dois cineastas indígenas, Morzaniel Ɨramari Yanomami (Roraima) e Patrícia Ferreira Pará Yxapy Mbya Guarani (Missões/RS). Os filmes serão voltados à temática social, ambiental e indígena e a MOSTRA circulará durante cinco dias, em três aldeias, de duas diferentes etnias, (em Canela/RS). As sessões abertas e gratuitas, no centro da cidade de Canela acontecerão nos dias 17 e 18 de outubro (sexta e sábado), no Espaço Nydia Guimarães, às 18h. Serão 5 curtas e 1 longa por noite, com cerca de 3h de projeção (intervalo com café), tendo um debate, ao final, previsto para as 21h.
Na programação no dia 17/10 (sexta) terá a exibição de Fuá, o Sonho, filme produzido pelas mulheres kaingang de Canela, e vencedor de Melhor Direção na Mostra de Curtas Metragens, no Festival de Cinema de Gramado, este ano, e Mãri Hi -A Árvore do Sonho (de 2023), com direção de Morzaniel Yanomami, o filme é uma produção que explora a importância dos sonhos para o povo Yanomami, narrando ensinamentos através da participação do xamã e líder indígena Davi Kopenawa. A obra ganhou o prêmio de Melhor Documentário de Curta-Metragem Nacional no Festival É Tudo Verdade. O destaque da noite será A Queda do Céu, documentário dirigido por Eryk Rocha e Gabriela Carneiro da Cunha, que retrata o ritual funerário Reahu e a luta contra a destruição do território Yanomami causada pelo garimpo ilegal. A beleza da cosmologia Yanomami, dos espíritos xapiri e sua força geopolítica nos convidam a sonhar longe. A partir do testemunho do xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa, o documentário acompanha o ritual Reahu, que mobiliza a comunidade de Watorikɨ num esforço coletivo para segurar o céu. O filme faz uma contundente crítica xamânica aos chamados “povo da mercadoria”, assim como ao garimpo ilegal e à mistura mortal de epidemias, as “xawara”, trazidas por forasteiros.
No sábado dia 18/10, o destaque será para o curta Itsuni Uguno: A febre da mata, um curta-metragem indígena, que conta a história de um pajé e sua família que saem para pescar. Durante o trajeto, uma onça se aproxima, assustada, e emite um grito de alerta. A obra foi dirigida pelo cineasta Takumã Kuikuro. E o longa Yõg Âtak: Meu pai, Kaiowá.O longa registra o reencontro das irmãs com o pai após quatro décadas de separação forçada.O documentário foi premiado com o troféu Candango no 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, e é considerado uma importante obra do cinema indígena contemporâneo. Além do reencontro familiar, o filme também aborda as lutas enfrentadas pelos povos indígenas Tikmũ’ũn (Maxakali) e Kaiowá pela defesa de seus territórios e modos de vida. O título, com a frase “Yõg Âtak”, que significa “Meu Pai” em língua indígena, destaca a importância da ancestralidade e da memória para os povos originários.
Já entre os dias 19 e 21 acontecem as sessões fechadas, exclusivas para o público indígena, nas aldeias Kaingang e Mbya Guarani. Os filmes serão exibidos nos idiomas dos povos locais, tendo como mediadores dos debates, os caciques.
A seleção dos filmes foi toda feita por dois curadores indígenas: Morzaniel Ɨramari, cineasta yanomami, ganhador de 3 kikitos em Gramado; e Patrícia Ferreira (Pará Yxapy), professora e realizadora audiovisual, fundadora do coletivo Mbyá-Guarani de Cinema. A coordenação de conteúdo é de Izaias Reginatto da Costa.
O projeto Canella Cineclube Apresenta: Conciencine, que está sendo realizado, em Canela/RS, com recursos da Lei Complementar 195/2022, da Lei Paulo Gustavo, edital 14/2023, terá sua conclusão, nesse mês de outubro, com a MOSTRA CONSCIENCINE 2025.