CANELA | O talento de Canela brilhou em Uruguaiana na sexta-feira, dia 6, quando o Grupo Retruco conquistou o segundo lugar no 9º Festival do Candieiro Poesia e Canto, realizado no CTG Sinuelo do Pago.
A mostra competitiva reuniu 10 canções selecionadas entre quase 200 inscritas de todo o Rio Grande do Sul, reafirmando a força e a abrangência da música nativista e o talento dos músicos canelenses.
O Retruco contou com os músicos Léo de Abreu, Daniel Almeida, Bruno Rauber, Júlio César Oliveira e Gabriel Castilhos, que apresentaram a obra “Sina Encardida”, com letra de Léo de Abreu e melodia de Léo e Daniel Almeida.
A canção se destacou pela sensibilidade e profundidade de sua mensagem, retratando a dureza da vida simples e as marcas deixadas pelo tempo, em versos que traduzem o cotidiano com autenticidade. A combinação entre letra e melodia criou um ambiente carregado de emoção, que ganhou ainda mais força com a interpretação no palco.
A interpretação do cantor Bruno foi um dos pontos altos da apresentação, chamando a atenção do público e da comissão avaliadora pela força expressiva e pela sintonia com a proposta da canção. Vestido de forma simples, com bombacha arremangada e mala de pano cru, Bruno trouxe à cena uma pilcha que dialogou diretamente com o tema da obra, reforçando a dramaticidade e o impacto da música.
O resultado obtido pelo Grupo Retruco no Festival do Candieiro é motivo de orgulho para Canela e para a Serra Gaúcha, evidenciando a qualidade dos artistas locais e a relevância cultural de iniciativas que fortalecem a música e a poesia regional.
Conheça a música
Sina encardida
O tempo ta raro
Nem tenho cavalo
Mas tenho que ir
A coisa esta escassa
coe pucha desgraça
Mas bamo seguir
A cerca não ataca
O azar é da vaca
Que ainda da sopa
Se ninguem tem bandeira
Tchau pra ti porteira
Ainda nós se topa
Ala maula bagaceira
Firma a encimera
Que isso derruba!
Ta pego no mundo
Quem anda por conta
E pra ninguem ajuda
Veja bem o lascado
Sem ninguem do lado
Todo mundo sumiu?
Isso é aviso do mundo
O malacara segundo
Queima até o pavio
/Se eu pudesse escrever
Tudo o que penso
Que verso bem loco
Cada gole que desce
A mente enaltece
De tudo meio um pouco
Tem até melodia
Brabo é outro dia
Ainda lembrar
Ou entender a letra
Na linha sotreta
Hora pra inspirar/
Vai me ensinando
Eu vou aprendendo
A fase amarga
Não me aperto com pilcha
Pra mim da remendo
Se ainda for larga
não me cuspe o retrato
Não sou dos ingrato
Que tudo renega
Se sou o que digo
Escrevo pelo que brigo
Não me cobrem entrega!
Mas que amontoado
Duns renegado
Acordes marotos
Como quem corcoveia
Vai o trago pras veia
Toco mais um pouco
Que nem passarinho
Por um carinho
Canto por estar preso
Mas que culpa tem a vida
Se a sina é encardida
E nela me vejo!